domingo, 26 de setembro de 2010

Expectativas

Poucas foram as vezes em que me surpreendi positivamente. No entanto, reparei algo semelhante entre todas elas...
 
Deveríamos ser como eles.
Aquela vez quando eu ia para um lugar aparentemente chato, a vez em que imaginei não ter chances com uma mulher linda, o dia onde eu pretendia ter só mais uma saída rotineira com um velho amigo, ou quando mudei para uma escola que a princípio parecia chata.

Em todas essas situações minhas expectativas eram tão baixas quanto vocês podem imaginar e por acaso, graças a elas, ocorreram os acontecimentos mais felizes e marcantes da minha vida. Não ocorria nada muito excepcional como eu ganhar na loteria ou algo assim. Eram eventualidades importantes, mas bem simples na verdade: Ter um dia mais divertido, conhecer pessoas interessantes, me aproximar mais de antigos conhecidos, ter um tempo para me encontrar ou simplesmente assistir às horas passando. Porém, esses acasos mudaram minha história consideravelmente.

É engraçado... quase sempre esperamos demais da vida. Esperamos muito de uma pessoa e nos decepcionamos, esperamos muito por um evento e ele acaba sendo bem menos entusiástico do que imaginávamos. Nunca nos decepcionamos com um desafeto, porque fazer algo bom no caso dele já é um grande acontecimento para tornar nosso dia melhor.

Alguém por favor me explique, por qual motivo temos essa mania chata de querer mais, justo daqueles que já nos fazem mais bem? Temos as mãos, queremos os braços, temos os braços, queremos as pernas, o tronco, o pescoço e a cabeça. Logo já esperamos o mundo por nossa conta. É isso mesmo?

Às vezes, nos tornamos grandes edifícios sustentados por diversos pilares: as pessoas mais próximas, a família, os amigos, o nosso grande amor... Quando concentramos todas as toneladas dos nossos problemas nos outros eles se afastam, pois é exigido demais deles, óbvio. Dessa forma, os pilares sustentadores de nossas frágeis estruturas são perdidos aos poucos, e a única viga construída por nós mesmos não é capaz de sustentar nosso próprio peso. Enquanto não aprendemos a nos virar, desmoronamos e caímos em desalento. É foda, mas acontece.

Oden era especial. Seria tão mais fácil se todos fossem como ele.

Os cachorros sim são especiais. Não fazem como nós muitas vezes temos a mania de fazer. Não esperam demais dos seus donos, nunca. Basta eles chegarem em casa e já é motivo de festa. Sentamos ao lado deles no sofá e já é como se fôssemos grandes amigos. A única coisa que irrita um cachorro é a fome. Mas nesse caso é compreensível (Fome também me irrita, e quem me conhece sabe).

Se há um grande conselho que quero deixar para todos nós é este: Esperemos o mínimo possível do mundo. Não pensemos que assim seremos desvalorizados e fáceis demais de se conquistar... Não. Não será um favor que faremos aos outros, mas sim a nós mesmos.

Seríamos muito mais felizes se soubéssemos apreciar os mais simples gestos, acontecimentos, objetos. Com certeza nos decepcionaríamos menos, e nos alegraríamos bem mais, se possuíssemos baixas expectativas.


Abraços!

Ps: A foto linda do cachorro ali em cima foi tirada por Clara Mesquita Barbosa. Conheçam mais do trabalho dela em seu flickr. =]

Aproveito para também deixar aqui duas outras recomendações para meus leitores, o blog Vergonha da Política, do meu amigo Mateus Moraes e Filosofia na Era Virtual, do meu amigo João Tito. Os dois blogs começaram a pouco tempo, mas estou gostando muito do que eles têm escrito. Leiam!
Infelizmente não consegui recuperar os comentários do antigo blog! Eles ainda estão salvos pelo meu usuário Disqus, mas por algum motivo não consigo importá-los para o novo blog. O sistema de comentários pelo menos já foi consertado, podem comentar bastante, de novo. Fico muito feliz com os comentários. :)